Marcelo pede prioridade para estratégia sobre os sem-abrigo
O chefe de Estado reuniu-se esta terça-feira com seis instituições de apoio a sem-abrigo na sede da Comunidade Vida e Paz, num encontro onde foi debatida a estratégia 2017-2023 de combate a este problema que o Governo deverá apresentar durante o mês de abril.
Fonte: Jornal de Noticias
Data: 04.04.17
Autor: Leonete Botelho
Fotografia: Nuno Ferreira Santos
O chefe de Estado reuniu-se esta terça-feira com seis instituições de apoio a sem-abrigo na sede da Comunidade Vida e Paz, num encontro onde foi debatida a estratégia 2017-2023 de combate a este problema que o Governo deverá apresentar durante o mês de abril.
Entre os pontos comuns identificados numa reunião que durou mais de duas horas, Marcelo Rebelo de Sousa apontou uma finalidade clara: "Deixar de haver sem-abrigo em Portugal em 2023, é no fundo aplicar a Constituição, o que significa casa e condições de acesso ao emprego".
Até lá, explicou o presidente da República, deverão ser apresentadas ao Governo uma série de medidas "para completar o projeto que tem em discussão", e que passam por uma articulação entre instituições, melhores condições para acesso a emprego ou até o estatuto legal das entidades que coordenam todos os que trabalham nesta área.
"O papel do presidente da República é ir acompanhando e apoiando aquilo que todos queremos que seja uma grande estratégia, um grande desígnio, uma grande finalidade nacional: não é de um grupo, não de um conjunto de pessoas, não é de instituições, é de todo o país, temos de acabar com essa situação dos sem-abrigo", apelou.
Questionado se o Governo tem atuado com eficácia neste domínio, o chefe de Estado sublinhou que o horizonte de aplicação da anterior estratégia terminou em 2015 e que "2016 foi um compasso de espera" para que o executivo apresentasse a nova estratégia 2017-2023.
"Já estamos em abril, convém que não se perca o ano de 2017 e que com os contributos destas e muitas outras instituições seja aplicada a estratégia 2017-2013 mas para ser aplicada em 2017 e não para ser aplicada em 2018", alertou.
Desafiado a comentar se este combate é possível num país que não é o da "Alice no país das maravilhas", como referiu o primeiro-ministro em entrevista à Rádio Renascença, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que estas "situações desumanas" afetam "poucos milhares de portugueses".
"É um problema que não é um problema de dimensão tal que não seja resolúvel mesmo com a situação económica que se vive em Portugal, em que é possível ir mais longe desde que seja prioritário", disse.
"Mesmo sendo Portugal um país que não é a 'Alice no país das maravilhas', é um país onde é possível realizar este objetivo, é possível, não é impossível", acrescentou.
Na reunião de sta terça-feira estiveram presentes representantes da Comunidade Vida e Paz, da Associação CASA - Centro de Apoio ao Sem-Abrigo, AEIPS- Associação para o Estudo e Integração Psicossocial, Associação Solidária para uma Vida Como a Arte, GAS Porto - Grupo de Ação Social do Porto e Pastoral Penitenciária da Igreja Católica.
Na quarta-feira à noite, o presidente da República voltará a esta temática mas no terreno, acompanhando no centro de Lisboa uma equipa de voluntários da CASA.